Silêncio da Noite
Brinque meu gato, brinque com seu novelo
Brinque e quebre o silêncio
quebre o silêncio desta noite pacata
Que atordoa espirítos e insulta minh'alma
Que atordoa espirítos e insulta minh'alma
Ao longe um ou dois cães ladram numa rua pacata
Um outro carro ronca
depois se vai
E me larga em meu medo
iminente
de todas as noites
e me deixa neste silêncio
perturbador
Passa o vigia da rua
em alguma viela distante
O som de sua vigilia rasga a noite
Não tarda a partir
Não tarda a partir
E me largar em meu pesadelo
No seio de meu medo
No seio de meu medo
Em meu medo de sonhar
Passa na rua algum caminhão
Fica parado algum tempo
E em meu olhar lento fico
Cedendo as palpebras às ilusões
E odiando, muitas vezes,
Cedendo as palpebras às ilusões
E odiando, muitas vezes,
aquele silêncio solitário
noturno
mudo
Silêncio barulhento
mutuo.