segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A Desventura de Scliar


   É extremamente revoltante ver a insolência e falta de criatividade do escritor Yann Martel ao praticamente plagiar a obra de Moacyr (Max e os Felinos) em "Life of Pi", e ainda menosprezar a fonte de toda sua "influência" dizendo que a ideia "fora mal aproveitada" pelo escritor brasileiro! Fala sério, e produzirem um filme depois disso tudo? Vergonhoso!
    O título da postagem não faz jus ao estado de espírito nobre e pacífico de Moacyr, que não se abalou com a coisa toda, mas descreve bem o meu! haha, para mim, um plágio como este é extremamente desonesto e, mais que isso, a atitude ofensiva e esnobe de Yann demonstra uma baita falta de caráter! Bem, tirem suas próprias conclusões após verem o vídeo. Eu gostaria de fazer uma postagem mais digna e extensa, mas a cozinha e a família estão chamando! hahaha
Enfim, Feliz fim de ano e comam bastante hoje! Um forte abraço! (;

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Angor

  Toco em algo que rabiscaste levianamente e recuo, como que com tinta na garganta e pedras no coração, não digo que o remorso queima-me, mas recuo pois este cativa-me, gela-me e afoga-me, há tinta na garganta, existem palavras não pronunciadas, sentimentos não anunciados e tudo resta em mudez, este enunciado asfixia-me, este chama-se silêncio.
  Chama-se necrópole de desejos, passou a hora, foram-se os dias, são póstumos e finados anseios, no qual ao túmulo a lembrança sempre trás flores. Floreia memórias, disseca dissabores, desata essa corrente de angústia que arranha as artérias ao levar consigo seixos ao coração. Estes que lotam as breves existências e as eternizam n'uma contrição infindável, coagulam o pensamento, este agora é silêncio.
   Este silêncio leva consigo o nome "vazio". Vazio, pois é impotência, ausência e ignorância, impede-te de respirar e falar, não pronunciar, mas expressar-se. Imobilidade causada pelo medo, o bondoso senso, imperioso, impecável e vigilante. Residente deste rochedo cardíaco, o medo é onipresente. É, pois, onisciente, já que prega os riscos da sinceridade com destreza. 'Cale-se, é melhor", ele sussurra, ameaçador. É também onipotente, podendo facilmente sufocar, usando seus pesados tentáculos, a verdade. E, já se sabe: silêncio é o servo fiel do medo.
   Não se sabe ainda se o medo provém de dentro ou fora, mas deve compor, com certeza, os minérios das pedras que calam o coração. Bem, n'uma tarde singular tive a oportunidade agradável de conversar com o vento, que, em sua indubitável vivência, disse-me:
 "Pedras erguem castelos", e, depois de brincar com as pétalas e poeiras, pensativo, acrescentou "Se bem lapidadas".

Para acalentar a alma....


  Joe Satriani! Um dos melhores guitarristas que eu conheço! A música "Always With me, Always With You" é uma das mais famosas deste guitarrista norte-americano, bem, é uma baladinha romântica pra falar a verdade! Contudo, não é uma melodia vazia abordando romance, mas sim uma harmonia inegualável, que floresce um morno abraço na alma.
   O álbum "The Extremist" é uma boa dica para quem gostou desse som, na minha opinião, um dos melhores álbuns de Joe. E quem curte um baita instrumental com o foco sobre solos de guitarra, há ainda o Paul Gilbert, Albert Lee, Steve Morse, o virtuoso e exibido Yngwie Malmsteen, outro mestre, bem conhecido, chamado Steve Vai, Santana, Steve Ray Vaughan, John Petrucci, Eddie Van Halen, Jeff Beck, Johnny Winter, Pat Martino, Nuno Bettencourt, Kiko Loureiro, Pepeu Gomes...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Sessão Sofá de Cinema - Entre Proscênios e Ternuras

Cena do filme "Il Viaggio di Capitan Fracassa", de Ettore Scola
       Nesse friozinho repentino nada melhor que assistir uns bons filmes! Já prepare a pipoca e a coberta que a sessão é boa! Hoje a dica é em homenagem às trupes de teatro e à amizade. Aqueles que já participaram de uma peça ou se sentem envolvidos pela magia do teatro conhecem o ar delicado, brincalhão e sinestésico da Quinta Arte!
      Uma das belezas do teatro é a união. O singelo coletivismo inevitável, ainda que tenha aquelas brigas dignas de tragédia grega. A ternura abraça e abrasa o coração de todos desde o momento de conhecer um ao outro até os minutos antes da apresentação, aquela sensação de completo terror, porém também de completo amor e gratidão, simplória felicidade dos sentimentos em caos alumiado, e o dar as mãos antes da peça, como um culto ao conquistado, acalenta a alma de todos no palco ao bradarem uma prece e trovejarem em uma só voz:  Merda!
      Tal beleza aquarelada em belas alegrias é sentida pelo público, seja em uma peça cômica ou trágica, pois o resultado que se atinge é consequência da cumplicidade da trupe e da convicção com que acreditaram na peça. Então, para sentir esse brilho aureo que só o teatro tem, nada mais justo que recorrer à magnífica Sétima Arte!

 

Il Viaggio Di Capitan Fracassa (1990)


       Il Viaggio Di Capitan Fracassa (A Viagem do Capitão Tornado), um maravilhoso filme lançado em 1990 sob a maestria do esplêndido diretor italiano Ettore Scola, narra a história do último barão e falido herdeiro da família Sigognac, Jean Luc Henry Camille (Vincent Perez), que vive recluso e miserável em seu castelo juntamente de seu único e fiel criado, Pietro (Ciccio Ingrassia). Em uma noite tempestuosa, a Companhia Melpoméne & Tália de Teatro, que estava nas proximidades do castelo, vê-se impedida de prosseguir viagem, assim os esfarrapados itinerantes artistas pedem abrigo aos moradores do castelo.        
       Pietro, o leal servente, vê nesta trupe errante a oportunidade de seu jovem amo conhecer a vida bela e verdadeira e, principalmente, a chance de encontrar Luís XIII, cujo pai foi salvo pelo pai do jovem Sigognac, Henrique de Navarra. Dirigindo-se a Paris, o rapaz então iria proclamar-se como filho do salvador diante de Luís XIII, que reconheceria a nobreza de sua família e concederia sua gratidão (vulgo: grana)
       Pietro então paga uma quantia a Pulcinella (Massimo Troisi), um dos atores da trupe e narrador da história inteira, para que cuide do jovem barão durante a viagem, pois este nada sabe da vida fora do castelo, Pulcinella, contrariado, aceita a incumbência.

Além de Pulcinella, a trupe é composta pelo dramático Matamore (Jean-François Perrier), as belas Serafina (Ornella Muti), Isabella (Emmanuelle Béart) e Zerbina (Tosca D'Aquino), a objetiva Lady Leonarde (Lauretta Masiero), o garboso e empolado Leandre (Massimo Wertmüller), e o sucinto Tirano (Toni Ucci).
       E assim a história se desenrola numa divertida (porém árdua) viagem, envolvendo paixões e desilusões, mostrando as dificuldades e conflitos de um grupo de teatro sem dinheiro e esfomeado, retratando também a paupérrima Europa do século XVII. E acima de tudo, retrata o amor quase que incondicional pela arte! (Alguns personagens não irão amar da mesma forma, mas aí você tem de assistir!)
É um filme que trata essencialmente os conflitos humanos, os dilemas entre o dever e o prazer. A trajetória do jovem barão nada mais é que a representação do curso da vida humana, o abandono do estável, das paredes do castelo para lançar-se na ventura incerta e oscilante que a vida é, os desencontros, as frustrações, paixões findadas, amores impossíveis e as limitações da realidade.

      O filme encanta o espectador durante os 132 minutos de exibição, o roteiro é extremamente bem tecido, adaptado por Scola do escritor francês Téophile Gautier, os diálogos são brilhantes, acentuando críticas sobre a sociedade e a desigualdade. O humor do filme consiste nos diálogos e, principalmente, nos personagens, no entanto o roteiro inteiro é um gracejo sublime e apaixonante. Pessoalmente, amei o personagem de Massimo Troisi, morri de rir com ele!
       E, por fim, há o inegável toque italiano, dramático como só! Um filme delicado e emocionante, das lágrimas aos risos! Realmente vale a pena!

 

Micmacs À Tire-larigot (2009)

           Após o sucesso legendário de Amélie Poulain o brilhante diretor Jean-Pierre Jeunet surpreende novamente com o filme Micmacs À Tire-larigot (2009)! Mantendo a poesia característica de seus filmes, a elaborada seleção de cores, um roteiro inteligente e a sutileza dos personagens. A trilha sonora é genial também, com o velho conhecido compasso ternário acelerado, característico dos filmes franceses! Lembrando também, claro, a composição de Yann Tiersen em Amélie Poulain.
         O filme conta a trágica história de Bazil (Dany Boon), que desde a infância carregou a memória da morte de seu pai. O pai, integrante da Legião Estrangeira Francesa, devido a explosão desastrosa de uma mina terrestre, acabou falecendo. É curioso analisar os distintos sentidos que as expressões "foi morto" e "morreu" despertam, e é o que o filme irá debater ao longo da história.
         A desgraça com armas volta a se repetir! Bazil, anos após a morte do pai, estava em seu trabalho (a locadora) assistindo The Big Sleep (À Beira do Abismo-1946) numa noite pacata, quando ouviu um barulho abrupto vindo da rua, ao ir ver o que havia acontecido acabou levando um tiro na cabeça, fora uma bala perdida, mas que quase o matou.
        Para piorar, os médicos não retiram a bala de sua cabeça, o que alimenta um ponto cômico sensacional do filme, pois Bazil tem inúmeros lapsos devido a bala alojada. No entanto fomenta também seu desejo de vingança. Quando o protagonista descobre que a bala perdida e a mina terrestre que assassinara seu pai eram relacionadas à duas grandes corporações bélicas rivais que se localizavam na região periférica industrial de Paris, ambas na mesma rua, ele tenta reclamar seus direitos como vítima das armas, no entanto, não é atendido, e assim elabora uma justiça (termo mais adequado do que "vingança", pois as empresas são de fato negligentes).

Da esquerda para a direita: Fracasse (Dominique Pinon), Calculette (Marie-Julie Baup),
Tambouille (Yolande Moreau), Bazil (Dany Boon), Petit Pierre (Michel Cremades);
Placard (Jean-Pierre Marielle) e Remington (Omar Sy)
   Com a ajuda de seus amigos, coletores do ferro-velho (todos um tanto desajustados, característica que faz lembrar a trupe de Ettore Scola), Bazil consegue arquitetar um plano para punir os arrogantes empresários Fenouillet (Andre Dussolier) e Marconi (Nicolas Marie), os grandes chefões da máfia belígera e ramificada, potencialmente tentacular.
    A"trupe", leal equipe, é composta pela protetora e preocupada matriarca Tambouille (Yolande Moreau), a exata mente brilhante Calculette (Marie-Julie Baup), o brilhante inventor Petit Pierre (Michel Cremades), o impulsivo e nervoso ex-presidiário Placard (Jean-Pierre Marielle), o enérgico e cordial Remington (Omar Sy), o desvairado Fracasse (Dominique Pinon) e a louca de amores por Bazil, a contorcionista
La Môme Caoutchouc (Julie Ferrier).
       O enredo é guiado de maneira brincalhona, sutil e sensível como a aura que Jeunet costuma criar (vide Amélie e Delicatessen), contudo este longa em especial ressalta as deficiências do mundo e como estão relacionadas às redes que fomentam as guerras, e como a produção de cada bala, por exemplo, pode afetar a vida de outrém.
     No entanto, o belo contraste a esse mundo que transborda desamor é a fraternidade e ternura entre o grupo, a união que faz de vários um só, e que, em Micmacs, se volta contra as empresas bélicas. Um dos pólos de debate é a discussão da responsabilidade, se quem faz as armas é culpado pelas mortes, ou simplesmente quem executa.
     Devemos responsabilizar o fabricante ou o comprador? (Isso eu deixarei para que você conclua após assistir ao filme!haha!). Num mundo onde os valores vão se dissipando e as causalidades vão se intensificando, devido, principalmente, à globalização, que fortaleceu a ideia dos elos entre as mais distantes realidades, é preciso ter essa resposta na ponta da razão!
                                                
       Os núcleos cômicos do filme se expandem muito além dos esteriótipos, dando ao filme um refinamento humorístico muito superior às comédias americanóides, o filme inteiro você sorri, quando não sorri, morre de rir. Pessoalmente, achei a atuação de Julie Ferrier sensacional! É impossível não dizer: Micmacs é um charme, uma comédia minimalista perfeita, a bela arte do silêncio, coisa que muitos longa-metragens, em sua verborragia, não conseguem alcançar.O interessante é ver também como o contemporâneo é retratado no filme, os tons sépia e as técnicas de iluminação contribuem para um certo caráter atemporal, onde celulares e sites como youtube coexistem em uma realidade retratada ao som de Max Steiner e inúmeras máquinas enferrujadas e múltiplas engenhocas, o constante uso de tons marrons no figurino também remete a um estilo esteticamente próximo ao Steampunk.
      
O filme é simplesmente um deleite, tanto no sucesso ao criticar esta insana sociedade, como na estratégia magnífica e brilhantemente engenhosa de Bazil e seus companheiros para castigar os senhores das armas. Veredicto? O filme é excelênte! Sem mais comentários, é simplesmente excelênte!
       Il Viaggio di Capitan Fracassa e Micmacs à Tire-larigot são filmes orquestrados pelo entrelace de sentimentos, doces cores e as dores da existência. Os dois filmes, aliás, retratam um valor, que no meio de todos estes 'nós morais', cegueiras, cabos de guerra e balas perdidas, nunca deve ser perdido, a amizade.


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Fármacos e Filosofia Fraca


      Nesse caso? A Alopatia!

    Eis aqui a primeira caixa de Anti-dicas! Avisos úteis para que você, caro leitor, não faça o mesmo! Resolvi passar na biblioteca do CCSP a fim de alugar um livro aleatoriamente, escolher um livro sem julgamentos prévios, sem nem mesmo ler a sinopse.
     Percorri as estantes distraidamente e parei em um livro nominado “Mais Platão, menos Prozac”, o nome me intrigou, e aluguei, afinal, nem era um livro muito extenso. Enfim, foi de fato fortuito, eu sequer havia ouvido falar do título.
       Nas primeiras linhas pareceu promissor, até achei desenvolto e bem humorado, mas a desilusão não veio tarde, já nos primeiros capítulos é inegável a sensação de estar lendo um livro de auto-ajuda, que contém mais meros silogismos (que qualquer pessoa é capaz de concluir) do que análises aprofundadas e filosóficas sobre o cotidiano e as formas de lidar com os problemas.
       O livro "Mais Platão, menos Prozac" foi escrito pelo doutor canadense em Filosofia da Ciência, Lou Marinoff, pioneiro no aconselhamento filosófico, um movimento que acumula "discípulos" desde os anos 90.
        Mesmo a fama deste livro sendo irrevogável, ainda tenho dúvidas em relação ao explanado e apresentado no texto. Ao meu ver, Marinoff parece condensar a filosofia em algo minúsculo e leviano, o que comprova minha impressão de que as coisas estão todas virando fast-food realmente, filmes calóricos e sem vitaminas, livros gordos e sem consistência e o encurtamento de todos os conceitos possíveis, tudo que requer tempo para ser compreendido, no agora, é ignorado ou suprimido, à la WinRAR.
        No livro citado gostei da crítica que o canadense faz sobre as inacabáveis rotulações de doenças mentais, de fato, há uma "taxonomia" exacerbada, tudo virou patologia! Contudo, devo dizer que os conceitos foram tratados de forma superficial. Se encarássemos livros como alimentos (caramba, eu devo estar com fome pra fazer comparação com comida toda hora), há os nutrientes plásticos (construtores), nutrientes energéticos e nutrientes reguladores (protetores), estes seriam comparáveis, respectivamente, a livros teóricos (contróem a ideologia), fictícios (propulsionam a criatividade) e didáticos (a técnica que te impede de ser pateta).
         Nessa minha metáfora esfomeada, o livro de Marinoff é como um chá de camomila industrializado, algo que tem o intuito de acalmar, não tem gordura, quase não tem vitamina, não presta pra nada, todo mundo vive sem chá de camomila perfeitamente bem!
          Lou Marinoff, lembrando, é favorável ao sistema P.E.A.C.E., àqueles cinco mandamentos que sempre me lembraram o Método Científico que tive de decorar no sétimo ano do fundamental: Problema (identificar o problema); Emoções (o que você sente sobre isso); Analise (descubra quais medidas possíveis solucionarão seu problema); Contemplação (Medite sobre tudo) e Equilíbrio (Escutar sua mente). Isso não é ridículo? Até parece que a mente é definida por botões.
        Essa tendência decadente de reduzir todo o pensamento em função de uma suposta falta de tempo é horrível, não há mais espaço pro conhecimento porque ele deve ser aprendido, não decepado, posto em fórmulas genéricas. Nos anos 90' víamos o capitalismo ascender com louvor, com a espada da tecnologia e o cetro da economia, a sua frota de infinitas bugigangas, época em que o método apresentado pelo canadense prosperou.
        Os conceitos propostos por Marinoff são provas da submissão do homem ao dinheiro e ao tempo, a capitalização das soluções em formato de livro genérico, senhor de todas as soluções, em um lugar, numa leitura fácil e sem embaraços. O autor mistura uma pá de conceitos, Buda com cristianismo, somados a citações voláteis de uma legião de filósofos (divergentes!) em menos de duas páginas! É evidente que eu prefiro Platão a Prozac! Mas não com uma abordagem-gororoba dessas!
         Enfim,o conselho que dou? Alugue livros sem saber sobre eles! Exato! Dizer isso não era o esperado, até porque aqui é o setor das Anti-dicas, mas, sinceramente, toda experiência é um nutriente plástico.
Ah, mas alugue, nunca compre um livro sem prévias noções!

 

Outras Anti-dicas:

-Caso compre o iorgurte grego de frutas vermelhas (que é delicioso) não engula uma colherada gigante, você pode se engasgar com uma amora monstra que está lá (eu me engasguei, a esfomeada, típico).

-Não entre numa biblioteca sem óculos (se você for míope), é ridículo, não há diferença entre um miope sem óculos e uma barata tonta.

-Não leia no metrô nem no ônibus diariamente, o constante movimento faz com que (em algumas pessoas com efeito maior) a retina se descole, assim como um traumatismo violento na face ou na cabeça. A retina neural se descola da retina pigmentar, os sintomas são manchas flutuantes no campo visual, como moscas, mas de tom arroxeado.

-Ah! Não interprete anti-dicas como dicas, elas são dicas de fato, mas é mais legal colocar o prefixo!

sábado, 13 de outubro de 2012

Dica


Novamente, mais uma dica para os ávidos leitores! Que, provavelmente, já até devem conhecer o site que irei indicar! Eis aqui um site de busca que aponta bons sebos para você efetuar sua compra (os preços são ótimos!). No site, o sebo que cadastrou o livro em questão informa características como peso, condição em que se encontra e a editora. http://www.estantevirtual.com.br/

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

El Efecto - O Encontro de Lampião com Eike Batista


    Desculpem, não aguentei, é a segunda vez que coloco El Efecto aqui haha! Mas essas são muito boas, vale muito a pena ouvir, a letra também é genial! (;
    Essa música está no novo álbum da banda: "Pedras e Sonhos", vale conferir! Uma música que eu indico inclusive é...hm, bem, ouça o álbum inteiro! E preste atenção nas letras de "N'aghadê" (que está aqui nesta postagem, logo após o jump break) e "A Caça Que Se Apaixonou Pelo Caçador", que são geniais! "Pedras e Sonhos" e "Consagração da Primavera" são mais poéticas e delicadas.
    "Cantiga de Ninar", a quarta faixa do álbum (que está nesta postagem após o jump break) também tem a melodia terna e singela, no entanto aborda simultaneamente uma crítica à cegueira moral humana. A composição em questão, misturada a um toque de maravilhosas dissonâncias, tem algo que lembra a teatralidade de Frank Zappa e o peso caótico de Unexpect, somando-se a coros afinados que lembram as notas inesquecíveis de Queen em Bohemian Rhapsody, e isso tudo a banda realiza sem perder o caráter cultural nacional!
Álbum Completo: http://www.youtube.com/watch?v=F7m1czyYby4
Também disponível para download no site da banda: http://www.elefecto.com.br/musicas/index.php

O Encontro de Lampião com Eike Batista

Duas coisas bem distintas
Uma é o preço, outra é o valor
Quem não entende a diferença
Pouco saberá do amor(...)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dermatologicamente Testado

  
     Na região onde moro as pessoas são convictas de sua "hobofobia justificada" e ao avistarem o amontoado de trapos velhos e fétidos se aproximar, ficam, civilizadamente e em sua finesse hostil, escandalizadas.
     É, sim, aquela mesma gente que quase te atropela enquanto tentas atravessar uma rua sem semáforo. Enfim, cotidiano à parte, me refiro à camada social que se farta na R. Avanhandava e sente repulsa ao ver, através das janelas escuras de seu carro importado e onipotente, o edifício ocupado pelo MST na rua ao lado. São as pessoas da sala de jantar.
    Com o desfecho do primeiro turno destas eleições em SP saíram vários gráficos, planilhas, diagramas e mapas destacando o caráter dos votos, uma destas avaliações demográficas é um mapa que destaca as regiões e seus respectivos votos preponderantes.
     Na zona central os votos foram, em sua maioria esmagadora, canalizados para o candidato Serra e nas regiões periféricas, para Haddad. Isso é perfeitamente compreensível, eu mesma poderia fazer uma pesquisa de opinião sem proferir uma frase interrogativa, aqui na região central você vai no supermercado e é comum ouvir as conversas (que mais parecem declamações) no caixa, a vontade de esganar alguém também é recorrente.
      Bem, voltando ao enfoque, esse post é mais um desabafo, e para que entendas o porquê desta declaração irei contar-lhes o que houve hoje no...adivinha onde? Supermercado!!! Êêeee! O segundo maior ântro da pluralidade anti-ética, creio que o primeiro seja todo cenário vinculado a transportes (trânsito, metrô e afins), já o terceiro é o condomínio domiciliar, vide as bitucas de cigarro que aparecem magicamente na minha sacada.
       Nessa quarta-feira decidi ir comprar danoninho, não tinha sobremesa e eu sou doida por danone, então procurei a parte das geladeiras no mercado próximo a minha casa. Os corredores estreitos estavam um tanto lotados, e, me parece, as pessoas têm uma péssima noção de espaço, simplesmente porque elas não andam ou não pensam que outros possivelmente queiram atravessar. Ou talvez pensem, mas não se importam.
      Uma odisseia pra conquistar a querida sobremesa, levei um pisão no pé e a mulher ainda me olhou feio, mas isso tudo bem, acontece toda hora (como da vez que perdi um pedação do cadarço do all star por causa de um pisão na tentativa de sair do metrô!).
       Feliz da vida com minha compra fui ao caixa, eis que adentra no supermercado uma moça negra vestindo roupas largas e sujas, o cabelo desgrenhado e, evidentemente, não tomava banho fazia um tempo, de modo que todas as caras do recinto torceram o nariz à rigor da etiqueta, até o mais cético duvidaria da existência de feios catarros naqueles narizes empinados à la blasé.
        Houve um burburinho de incômodo, os comentários pareciam soar em uníssono "que absurdo, mas é uma pouca vergonha", "gente, que loucura", ouvi uma perua dizer (querem apostar quanto que devia ser fã da Narcisa Tamborindeguy?). Como a fila não estava pequena tive de me conter pra não dar um tapa verbal em alguém. A moça desgrenhada havia parado na entrada do mercado para procurar algo em sua pochete, achou um punhado de moedas e adentrou num dos corredores, eis que chega um segurança e a impede de entrar, começa uma discussão, e ela diz audivelmente (vulgo: berro) "Ei, eu tenho dinheiro! Eu só quero comprar...", o segurança a interrompe, diz que ela não pode entrar, aparece o gerente e explica sobre as condições do mercado e pede que ela se retire devido ao incômodo causado nos outros consumidores, fica parado olhando-a, como se obrigasse sua saída por telecinese.
      Ela tenta entrar e repete que quer comprar leite e arroz, o gerente fala algo inaudível (a distância era considerável) e o segurança se opõe impedindo que a moça prossiga, um homem que estava próximo à cena começou a discutir com os dois, ouvi ele dizer algo como "ela tem direito de entrar para comprar o que quiser e não está perturbando ninguém" e "isso é absurdo, eu devia processar vocês", desarmado, o segurança cede, e o gerente, contrariado, permite que ela entre, percebi que ela estava quase chorando, e foi essa razão do post inteiro.
       Humilhar daquela maneira um igual é de uma violência extrema, minimizar o caráter sensível e pensante do outro a ponto deste se tornar desprezível não é algo que deveria fazer parte do cotidiano. Ser desumano, enfim, é desumanizar a natureza do outrem, e isso é completamente inaceitável. E não é meramente o ato de discriminar e anular a sensibilidade do outro, é fazer isso baseado em aspectos físicos e, direta ou indiretamente, financeiros. Na fila do caixa ainda restavam dois a minha frente, e, como esperado, ouvi as dondocas dizendo "que absurdo deixar entrar gente como essa!"
       Virei-me e falei "Bem, não é absurdo nenhum, inaceitável é vocês fazerem disso um absurdo", olharam-me com cara de "ai que loucura" e uma idosa aperuada falou, com um sorriso amarelo, "ah, meu bem, você é muito novinha". Não compreendi o comentário e também nem quis discutir, paguei o danoninho e fui embora. Chegando no elevador do Terceiro Ântro de Absurdos Éticos entram uma senhora, sua filha adulta e a discussão sobre um assalto ocorrido na casa de um parente. Como se não bastasse o ocorrido no mercado, enquanto o elevador subia vi que a última ostentava um adesivo na bolsa, o simpático adesivo azul e amarelo do PSDB. Num eflúvio de indignação o elevador para no nove e me impede de falar umas verdades, infelizmente.
        E por isso digo que a natureza daquele mapa é compreensível, não por conformismo, mas é porque é inegável que a região central é, majoritariamente, povoada por seres umbigóides, que acham um absurdo uma greve de metroviários estancando as linhas, mas não se importam se a causa do lapso for devido irresponsabilidade estadual, detestam os espaços públicos, mas não movem um dedo pra melhorá-lo ou sequer questionar sobre as causas que levaram a tal degradação, é um povo que só quer saber de shoppings, e não me importa se isso soa clichê ou não, é a pura e feia verdade.
         É a camada social que deveria desempenhar, diante todos seus frufrus diplominhas e acesso a educação particular, o papel de massa pensante, questionadora, mobilizada e politizada, mas nada, não é nada disso, é um povo, em sua maioria, mesmerizado e violento. Pessoas de gordas almas vazias, de egos que reclamam e exigem seu cânone espaço, mas sem nenhum interesse intelectual ou pensamento crítico.
         São os odiadores da hoi polloi, adoradores de políticas de biombo (vide revitalização do centro de SP, ou qualquer surgimento de biombos e placas de obra no período de eleição), os exímios saudosistas da ditadura, reacionários e uma legião de civis que só irão se dar conta do mundo que os cerca se forem dermatologicamente testados ou se o tio for assaltado, porque não existe o ideal de público na mente destes, existe o "meu", e o "nosso" é restrito apenas à família.       
        Não obstante, nem assim enxergariam a realidade, pois se fossem expostos à uma situação de violência, por exemplo, o assalto, iriam relacionar todos os males do mundo com a realidade suburbana, marginalizada, pobre e por eles excluída. Porque, ora, imagine, somos civilizados, "civilizadérrimos"! Não existe violência nas zonas providas de shoppings e starbucks! Bem, a não ser quando uma pé-rapada entra no supermercado, porque aí:   "Ai, que loucura!" 
        

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Monstruário

     Há uns dois minutos estava vendo as atualizações do facebook, eis que me deparo com um link compartilhado sobre uma manifestação desastrosa em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Na quinta feira (04/10, ontem) houve um protesto em frente à prefeitura municipal de Porto Alegre, na praça Montevideo. Vários cidadãos protestavam contra as privatizações feitas pela administração do prefeito José Fortunati do PDT. Um dos locais privatizados foi o Largo Glênio Peres, privatização que foi feita a partir de um acordo com a Coca-Cola.
     Os manifestantes, pacificamente, permaneceram no logradouro até à noite, foi quando as coisas se complicaram. Os reivindicantes decidiram se dirigir ao Largo Glênio Pires para protestar contra a privatização propriamente dita, e lá havia um boneco de um Tatu representando o patrocínio da Coca-Cola. Havia (de acordo com o link acima) cerca de 20 guardas municipais e 19 policiais militares a postos, os ativistas se aproximaram e os militares continuaram passivos, somente quando a massa civil que protestava começou a ultrapassar as grades que cercavam o boneco os policiais agiram. E agiram de forma bruta, cruel e injusta. As cenas são horríveis e absurdas.


     Me pergunto, a que ponto chegamos? Sim, exatamente essa pergunta clichê que faço, mas que parece a mais adequada a todo esse show de horrores, a esse espetáculo de carnificina. Quando li a reportagem pensei na palavra esperança, e quão bela ou tola ela soava nesse contexto doentio que o nosso plano político e militar nacional conseguiu atingir, passamos do limite do anormal, a polícia está muito longe de ser a égide da população, essa realidade não pode sequer ser chamada de beligerante, acho que nem essa palavra comporta toda a vilania, a frieza e a brutalidade disso tudo...

*E o curioso é essa versão do G1 engraçada escolha de palavras...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

"Your Smile So Warm"

 Sabe quem é este aqui? 


 Conrad Veidt, ator alemão que inspirou Bob Kane e Bill Finger para criar o genial Joker! (:

Veidt em "The Man Who Laughts" - (O Homem Que Ri)  filme expressionista alemão.
O longa foi dirigido por Paul Leni e tem o roteiro inspirado pelo romance de
Victor Hugo "O Corcunda de Notre Dame"


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Quando a viola tira o poema para dançar, a melopéia se torna melodia. Não há cântigo de amor mais belo do que uma singela sinfonia.  

La Conchita: Spanish itinerant dancer,
de Gustave Dore, publicado no Le Tour Du Monde,
Ed. Hachette, Paris, 1867

Gustave Dore

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Trompe-l'oeil

Untitled (Marching Figures), c.1952
oil on canvas, 198 x 137 cm
The Estate of Francis Bacon

    Andei ouvindo umas músicas realmente ruins e fiquei com cara de desgosto o resto do dia, então refleti sobre a causa de toda aquela desgraça e cheguei a conclusão de que a falta de comprometimento é a culpada. O principal expoente de uma obra-prima seria o elo sentimental adjacente a ela, fornecido pelo respectivo e amado "artífice".
Creio que seja essencial um vínculo emocional com "a criatura", mas qual seria o limite?
   É crucial, para a consistência de algo, selar um pacto anímico, principalmente se tratando de arte, no entanto, do mesmo modo que a ausência deste é perturbadora a presença incorreta e fanática é pior ainda! Francamente, não consigo decidir o que é pior: Ouvir sílabas sendo repetidas sem sentido algum ou escutar NSBM*.
   O "incorreto" aqui empregado relaciona-se diretamente com fanatismo. Opiniões políticas vinculadas à produções artísticas musicais são perfeitamente aceitáveis e necessárias (O Teatro Mágico, El Efecto, Tom Zé, Titãs, Pink Floyd, Midnight Oil, Men at Work e Pearl Jam são exemplos em excelência no debate de questões de elevada relevância social) no entanto, qualquer discurso político fascista é potencialmente perigoso, visto que qualquer fanatismo pode, facilmente, se tornar segregador.
   Então não, não são os guturais que me incomodam, até porque costumo ouvir músicas que usam este recurso vocal. Superior a qualquer incômodo auditivo é a perturbação ideológica, tanto Kuduro como os discursos de Varg Vikernes são de uma inversão de valores completamente hedionda. Nesta Admirável Sociedade Visual, onde todos os cenários e conceitos têm de cobrir-se com um manto de alegrias empacotadas para atrair mínima atenção do respeitável público, vemos as noções de cultura e comprometimento desfalecerem-se gradativamente.
      
"A racionalidade técnica hoje é a racionalidade do próprio domínio, é o caráter repressivo da sociedade que se autoaliena."

(A Indústria Cultural: O iluminismo como mistificação de massas; Max Horkheimer e Theodor W. Adorno)
    
   Vivemos na mais tola das ironias, e, embriagados pelo discurso pseudo-democrático, a ignorância nos cativa, seja com doces, seja com barriga vazia. Há uma cânone liberdade relativa, e, sem dúvidas, uma democracia dissimulada. O indivíduo de sucesso que detém os meios de produção ainda é o mais rico, isso é um fato indiscutível. Tais meios de produção são os necessários para produzir o que hoje é nominado como arte, e também, consequentemente, a música. Na R. Teodoro Sampaio, por exemplo, os "meios de produção" não são nada baratos, assim como os preços estabelecidos pelas mercenárias gravadoras.
    Há a questão da Internet, mas esta não excluí o caráter elitista que a música ocidentalizada (não mais só eurocêntrica, mas algo como "EUA-cêntrica) adquiriu (ou sempre teve), tornando-se mercantil, enlatada como numa linha de montagem e despiu-se de todo e qualquer valor cultural e sentimental (o tal pacto anímico mencionado no primeiro parágrafo). Por fim, somos imobilizados pela ilusão de mobilidade e neste meio hipertônico (transbordando outdoors, banners e outras mil quinquilharias marqueteiras) o indivíduo desenvolve sua personalidade plasmolizada.
    A música plástica e sua então produção massificada, mecanizada e acéfala potencializa-se ao se somar com o desejo de subjetivação desesperado do indivíduo, que na sede de agregar-se a algum grupo acaba encerrando-se em algo nocivo. No entanto não nos sublimamos para a posição de Sujeito, como deveríamos e pensávamos fazer, mas a plasmolização do indivíduo o prepara pra coisificação, sua degeneração para Objeto. A ânsia de aceitação em um grupo pode evoluir para um idolatrismo exacerbado e aí desembocamos no fanatismo. Fanatismos, vícios e excessos originam-se da fraqueza humana, de uma certa ausência e angústia.

"Quanto mais esquecido de si mesmo está quem escuta, tanto mais fundo se grava nele a coisa escutada."
(Walter Benjamin)

  Essa perda de identidade, segundo Benjamin, será devida a obstrução da experiência. Para o filósofo alemão, experiência não é apenas "verificação de um fenônimo físico" ou o fator meritocrático que consta no currículo, mas sim é a construção do indivíduo, o que irá caracterizá-lo como único porém pertencente à uma comunidade. É a transmissão de valores baseada na narrativa, que, de acordo com Benjamin, teria sido corrompida na atualidade, sendo distorcida e tendo seu valor diluido com o surgimento do rádio, da televisão, da imprensa e assim por diante.

"Com a atrofia da experiência, é a identidade de cada um que entra em crise, é a constituição de cada um como sujeito que se torna problemática, surgindo assim o terreno fértil para a alienação a que está sujeito o homem contemporâneo"
(A Criança e Seu Desenvolvimento - Sandra Maria Sawaya sobre o Conceito de experiência em Walter Benjamin- 4° Edição - Editora Cortez)

  A música tem, irrevogavelmente, um elevado potencial alienador, o qual é impulsionado se a música em questão for sintetizada e sistemática, apartada de toda e qualquer real tradição (diferente da tradição inventada, como diz E. Hobsbawm) ou significado profundo. É a música "com preço, mas sem valor." Tal produção monstruosa, abominação industrial, titã alienador, como queira chamar, distorce completamente a música regional, a identidade, por exemplo, da roda de viola. O Sertanejo Universitário inundou as mídias de tal forma que sequer lembramos que o Sertanejo de Raiz é bom, ou melhor, foi.
   Assim, com este vazio cognitivo nos cidadãos, a famosa "falta de espírito crítico", surgem coisas como as trilhões de músicas monossilábicas e idiotas. O indivíduo bestializado, logo, é preenchido com um conteúdo que se não é vazio é algo bem próximo disto. Não obstante, quando o humano plasmolizado é invadido por uma ideologia que tende ao fanatismo segregador, a necessidade de "vestir a camisa" e identificar-se é maior. De certa forma, o primeiro exemplo é a falta de vínculo com a música feita, uma certa impessoalidade, música volátil, o segundo, por sua vez, é o interesse de um grupo sobrepondo-se às perspectivas da comunidade como um todo.
    Ouço uma melódia distante ressoar, difusamente, numa tarde com perfume de sol, mas é um carro tocando funk no mais alto volume. E nos corredores de uma escola particular ou pública um bando de garotinhas chilicam ao ver a foto de um ídolo industrializado, as meninas daquele grupo histérico não se importam com a escola, não, suas cabeças servem pra pensar nas boybands, e tampouco se preocupam com a eleição que acontecerá na cidade, não se importam muito com os pais, salve quando estes dão dinheiro para o show das bandas plastificadas que tanto amam. Isso é cabresto, e nada mais. O cabresto da estupidez e do idolatrismo enjoativo...
     Então, neste picadeiro de inverdades da adorável sociedade de sorrisos dissimulados, respiramos este ar um tanto Trompe-l'oeil, lotado de mentiras e hidrocarbonetos aromáticos. E, ao pé da letra, se for andar na rua, não se esqueça: fones de ouvido ou "Pílula Vermelha"?



(*A sigla NSBM significa: National Socialist Black Metal, música que em suas letras e bandeiras defendem ideias como: Supremacia branca, Antissemitismo, Satanismo e Separatismo Racial.)

(*Trompe-l'oeil é um recurso usado na pintura capaz de enganar o olho humano, os desenhos 'trompe-l'oeil nos fazem ver imagens que não existem realmente ou dão a sensação de que uma determinada paisagem é real - aquelas famosas pinturas no asfalto de enormes buracos surreais são de gênero trompe-l'oeil, essa técnica não tem absolutamente nada a ver com Francis Bacon, apenas escolhi a pintura do artista devido sua relação com o tema 'alienação'.)


(** "Erfahrung (experiência) é o conhecimento obtido através de uma experiência que se acumula, que se prolonga, que se desdobra, como numa viagem; o sujeito integrado numa comunidade dispõe de critérios que lhe permitem ir sedimentando as coisas com o tempo. Erlebnis é a vivência do indivíduo privado, isolado, é a impressão forte, que precisa ser assimilada às pressas, que produz efeitos imediatos."
Walter Benjamin: O Marxismo da Melancolia",
página 83, Leandro Konder. Fragmento também encontrado no livro A Criança e Seu Desenvolvimento; página 34; 4° Edição - Editora Cortez)

"A experiência (Erfahrung) é fruto do trabalho, a vivência (Erlebnis) é a fantasmagoria do ocioso."


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