quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Fármacos e Filosofia Fraca


      Nesse caso? A Alopatia!

    Eis aqui a primeira caixa de Anti-dicas! Avisos úteis para que você, caro leitor, não faça o mesmo! Resolvi passar na biblioteca do CCSP a fim de alugar um livro aleatoriamente, escolher um livro sem julgamentos prévios, sem nem mesmo ler a sinopse.
     Percorri as estantes distraidamente e parei em um livro nominado “Mais Platão, menos Prozac”, o nome me intrigou, e aluguei, afinal, nem era um livro muito extenso. Enfim, foi de fato fortuito, eu sequer havia ouvido falar do título.
       Nas primeiras linhas pareceu promissor, até achei desenvolto e bem humorado, mas a desilusão não veio tarde, já nos primeiros capítulos é inegável a sensação de estar lendo um livro de auto-ajuda, que contém mais meros silogismos (que qualquer pessoa é capaz de concluir) do que análises aprofundadas e filosóficas sobre o cotidiano e as formas de lidar com os problemas.
       O livro "Mais Platão, menos Prozac" foi escrito pelo doutor canadense em Filosofia da Ciência, Lou Marinoff, pioneiro no aconselhamento filosófico, um movimento que acumula "discípulos" desde os anos 90.
        Mesmo a fama deste livro sendo irrevogável, ainda tenho dúvidas em relação ao explanado e apresentado no texto. Ao meu ver, Marinoff parece condensar a filosofia em algo minúsculo e leviano, o que comprova minha impressão de que as coisas estão todas virando fast-food realmente, filmes calóricos e sem vitaminas, livros gordos e sem consistência e o encurtamento de todos os conceitos possíveis, tudo que requer tempo para ser compreendido, no agora, é ignorado ou suprimido, à la WinRAR.
        No livro citado gostei da crítica que o canadense faz sobre as inacabáveis rotulações de doenças mentais, de fato, há uma "taxonomia" exacerbada, tudo virou patologia! Contudo, devo dizer que os conceitos foram tratados de forma superficial. Se encarássemos livros como alimentos (caramba, eu devo estar com fome pra fazer comparação com comida toda hora), há os nutrientes plásticos (construtores), nutrientes energéticos e nutrientes reguladores (protetores), estes seriam comparáveis, respectivamente, a livros teóricos (contróem a ideologia), fictícios (propulsionam a criatividade) e didáticos (a técnica que te impede de ser pateta).
         Nessa minha metáfora esfomeada, o livro de Marinoff é como um chá de camomila industrializado, algo que tem o intuito de acalmar, não tem gordura, quase não tem vitamina, não presta pra nada, todo mundo vive sem chá de camomila perfeitamente bem!
          Lou Marinoff, lembrando, é favorável ao sistema P.E.A.C.E., àqueles cinco mandamentos que sempre me lembraram o Método Científico que tive de decorar no sétimo ano do fundamental: Problema (identificar o problema); Emoções (o que você sente sobre isso); Analise (descubra quais medidas possíveis solucionarão seu problema); Contemplação (Medite sobre tudo) e Equilíbrio (Escutar sua mente). Isso não é ridículo? Até parece que a mente é definida por botões.
        Essa tendência decadente de reduzir todo o pensamento em função de uma suposta falta de tempo é horrível, não há mais espaço pro conhecimento porque ele deve ser aprendido, não decepado, posto em fórmulas genéricas. Nos anos 90' víamos o capitalismo ascender com louvor, com a espada da tecnologia e o cetro da economia, a sua frota de infinitas bugigangas, época em que o método apresentado pelo canadense prosperou.
        Os conceitos propostos por Marinoff são provas da submissão do homem ao dinheiro e ao tempo, a capitalização das soluções em formato de livro genérico, senhor de todas as soluções, em um lugar, numa leitura fácil e sem embaraços. O autor mistura uma pá de conceitos, Buda com cristianismo, somados a citações voláteis de uma legião de filósofos (divergentes!) em menos de duas páginas! É evidente que eu prefiro Platão a Prozac! Mas não com uma abordagem-gororoba dessas!
         Enfim,o conselho que dou? Alugue livros sem saber sobre eles! Exato! Dizer isso não era o esperado, até porque aqui é o setor das Anti-dicas, mas, sinceramente, toda experiência é um nutriente plástico.
Ah, mas alugue, nunca compre um livro sem prévias noções!

 

Outras Anti-dicas:

-Caso compre o iorgurte grego de frutas vermelhas (que é delicioso) não engula uma colherada gigante, você pode se engasgar com uma amora monstra que está lá (eu me engasguei, a esfomeada, típico).

-Não entre numa biblioteca sem óculos (se você for míope), é ridículo, não há diferença entre um miope sem óculos e uma barata tonta.

-Não leia no metrô nem no ônibus diariamente, o constante movimento faz com que (em algumas pessoas com efeito maior) a retina se descole, assim como um traumatismo violento na face ou na cabeça. A retina neural se descola da retina pigmentar, os sintomas são manchas flutuantes no campo visual, como moscas, mas de tom arroxeado.

-Ah! Não interprete anti-dicas como dicas, elas são dicas de fato, mas é mais legal colocar o prefixo!

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