quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A Morte Da Barata



 

Os fogos de artifício luminosos explodem de alegria nos céus escuros do novo ano, brindes ecoam, risadas flutuam e parentes se abraçam, não é o mesmo para uma barata.
Inseto nojento, rejeitado, ninguém a quer em lugar algum, posso lhes dizer que há humanos que são assim, ou se sentem assim, mas mesmo os que o são, a rejeitam, a odeiam, sem ao menos o porquê, é apenas um inseto feio de alma inexistente que lhes desagrada tentando sobreviver.
Baratas são feias, inúteis aos olhos de todos, mas talvez deva ser levada em conta sua vida, miúda e repugnante, parasita e odiosa, ninguém lamenta sua morte, nem celebram sua vida. E ela desfalece, e morre.
Solitária, repugnante, exatamente como em vida, odiosamente feia, celebram sua morte, lamentam seu nascimento. Morre feia, odiada, sozinha, humilhada com seu sangue musgoso escorrendo entre os sulcos que há no chão frio da cozinha.
Não levando em conta que aquela barata é igual a muitas outras, odiosa como outras, feia e repugnante como tais, mas por que lhe és negado o direito do único?
Humanos são todos iguais sob distante visão, mas cada um é um, único organismo, não importa o que digam, apenas digo-lhes que é, apenas é. E muitos destes são tão odiáveis quanto baratas, mais repugnantes do que insetos e todos eles, todos, têm o potencial de prejudicar imensamente o outro. Matar, roubar, magoar, odiar. As baratas são mais dignas do que seres humanos.