terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Hora Zero

Há, veja no relógio, alguns grãos de instantes
É necessário fazer um minuto de luto, de zelo
Daí escrevemos um bilhete para um Eu futuro
Veja, besta, rito tolo, mas compensa.

Regresso em dez tons, ca-den-ci-an-do
Matizes de tempo vão c l a  r  e   a     n     d      o
Até o alvo da meia noite, da zero hora.
E aquele bilhete cheio de tralha em lista, comemorando
É memorando de última hora para uma hierarquia do agora.

Timbre da instituição, número do memorando
Depende da idade que está guardando
Remetente: o presente (em breve, ausente)
Destinatário, ninguém sabe, mas preenche-se sob codinome:
"Anoquevem"

Depois o memorando é esquecido nas gavetas
E - com os fógos - no abraço de outrem.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Impressão, Levante

Gotículas de futuro polvilham o vento
Frescor tecnicolor e aroma de champagne
Partículas mui diminutas moem-se sob as frestas
Trazem consigo mapas, planos e festas.

Origem cêntrica ou linear
Explosiva ou regulamentada
Pétalas de hipocrisia flagraram as risadas
Ouçam bem os fógos como luzes de ribalta:

"Das, tas, da, datas dadas"

Virão figuras repetidas após estes trovões?
Hermanos, levantemo-nos, aceitemos a mentira
E então, de pé, refutamo-la,e PÁ
Abrimos a champagne.

A rolha alça voo comemorando a morte de um tempo
E mais um plastificado luminoso levante.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Domingo 29

Há sob o céu uma legenda
Que espreguiça-se sobre o dorso de domingo
As nuvens fazem-se cinzas como a rua
Sustentadas pelos gélidos condomínios

É verão, Jão, é verão
Mas é dezembro, deserto membro ébrio
Desmembrado sobre o firmamento dos domingos
Dezembrado, endomingado, esquecido.

Límpido limbo faz do dia intervalo
Entre o vale, resvalo morto, melindroso passado
E árvores de um vindouro de ouro, planalto.

"Vem ano novo", avizinha-se o comentário
E veste brando em vestes brancas,
Retira esperança do armário.

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