Jogavam o mesmo
jogo, a mesma estupidez insensata. E após fingirem metódica indiferença ao
estarem juntos, corroíam-se pelo que não foi feito ou dito. No fim do dia repousavam as arritmias,
os desassossegos e, por último, a cabeça sobre o conivente travesseiro,
libertador daquelas trevas e mediador das travessias e travessuras que só são
feitas mesmo nos sonhos. Mas que sonhos?
O sangue pesa, e a angústia que se
deita sobre a mãe das motivações é a
única realidade palpável de todo aquele teatro sem roteiro. Talvez tais sonhos,
depois do remorso cantarolar sua troça burlesca, fossem valsas, sublimes e
belas, danças de logopéia à rigor, ela a poesia, ele, a ideia. E enfim juntos,
sem palavras fantasiadas, mas sim com rimas fantasiosas. Não mais libertos
entre grades, mas selados em cogitações, pensamentos.
Nada mais que sonhos, pois hesitar é a
sina imutável, nada além da palpitação omitida ao cruzarem fortuitos olhares. E
ambos escreveram confissões nunca lidas, “correspondências jamais
correspondidas”, as cartas jamais enviadas, possivelmente interceptadas pelos
cânones limites. Ato Final: A
impossibilidade daquele amor era irrevogável.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Os Seres - El Efecto
Os Seres - El Efecto
A minha roupa é suja e encardida
Remexo lixo procurando por comida
Mas veja só onde já se viu
O meu almoço é o que você cuspiu
A minha roupa é suja e encardida
Você tem tudo e ainda fica deprimida
Mas veja só onde já se viu
O meu almoço é o que você cuspiu
Eu sou invisível e ninguém se choca mais
A miséria e a pobreza se tornaram tão banais
Eu sou invisível e ninguém nem sente dó
Faço parte da paisagem como lixo e outdoor
Estirado na calçada com uma lumbriga
Excremento do sistema que me julga e descrimina
Há uma fina neblina
Que esconde a minha triste figura da sua retina
Estirado na calçada com uma lumbriga
E você só fica aí a reclamar da sua vida
Há uma fina neblina
Que esconde a minha triste figura da sua retina
De boas idéias o mundo já está cheio
O que está faltando é duplicaação
Participaação, partir pra ação
Só continuamos cantando, caindo no abismo da contradição
Na teoria se tem garantia de todas as suas convicções
Mas já na pratica do dia dia isso não se reflete nas suas ações
Praticamente tenho garantia ninguém nem reflete no dia a dia
E o reflexo do dia a dia não se reflete na teoria
E quem teoriza suas reflexões não compartilha suas confusões
Você ainda nem tem suas convicções?
Eu sou invisível e ninguém se choca mais
A miséria e a pobreza se tornaram tão banais
Eu sou invisível e ninguém nem sente dó
Faço parte da paisagem como lixo e outdoor
Se o mundo me abandonou não sou eu quem vai chorar
Seu castigo é o meu desprezo
Desprezo que eu vou lhe dar
Só sou invisível para quem tenta se esconder
Da incômoda verdade que revela que no fundo o desprezível é você!
Conjugação
Às vezes esqueço-me dos predicados e não transito, não transcendo, algo perde-se. Tropeço na inexistência do que deveria conjugar-me, ou do que deveria me julgar, talvez. Então esqueço-me simplesmente, sublimo meu corpo e condenso a mente, ou devo fazer o contrário? Não me recordo do endereço da minha consciência, não compreendo qual clave determina minha sintonia, minha finação, pois, ora, são tantas! Tantas são as claves que afinam as pedras, as cores, os pássaros, tambores, e coisas que se perdem, coisas que se esquecem da origem ou são por ela esquecidas.
Minha data de nascimento deve ter se esquecido de mim...talvez, bem, o que não é de todo mal, pois tampouco reservo tempo e sorrisos para fazer florescer lembranças sobre números do registro geral. A origem nos esquece quando nós nos esquecemos dela, mas se quiser acreditar que nós nos esquecemos da origem quando esta nos esquece fique a vontade, imaginei "prefere chá de limão ou de camomila?" Me perguntava também se você se pergunta se o outro ou outra julga ou conjuga o cônjugue...É evidente que todos julgam. Metem os narizes. Julgam em demásia. E todos histéricos.
Eis aí a finalidade de esquecer-se dos predicados, enrolar-se em ócio e desmerecer, ao menos por um ínfimo instante, o mérito que nos julga e conjuga todos os dias desta vida verborrágica.
Minha data de nascimento deve ter se esquecido de mim...talvez, bem, o que não é de todo mal, pois tampouco reservo tempo e sorrisos para fazer florescer lembranças sobre números do registro geral. A origem nos esquece quando nós nos esquecemos dela, mas se quiser acreditar que nós nos esquecemos da origem quando esta nos esquece fique a vontade, imaginei "prefere chá de limão ou de camomila?" Me perguntava também se você se pergunta se o outro ou outra julga ou conjuga o cônjugue...É evidente que todos julgam. Metem os narizes. Julgam em demásia. E todos histéricos.
Eis aí a finalidade de esquecer-se dos predicados, enrolar-se em ócio e desmerecer, ao menos por um ínfimo instante, o mérito que nos julga e conjuga todos os dias desta vida verborrágica.
A Existência Fortuita Dos Restos
O poema do resto é aquele que herdou as palavras não-nascidas. É aquele que absorve o ignorado como forma de vida.
O que somos nós? Se não restos do que já fomos e seremos, do que já ouvimos e vimos, de palavras não escritas e páginas vazias, e pseudo-parresias?
O que somos nós? Se não restos do que já fomos e seremos, do que já ouvimos e vimos, de palavras não escritas e páginas vazias, e pseudo-parresias?
Inspiroletas Quebradas
Nas vísceras não mais o bosque
De agitadas borboletas febris
Na pele não mais a ardência
De arcana e anímica lís.
Flor de brava e breve existência
Tal como efêmera é a inspiração
Se num instante declamo poemas
N'outro encolho-me, flébel, no chão.
Veredicto final de lágrima vítrea
Diz que o abandono que sofro
Faz parte da vida.
De agitadas borboletas febris
Na pele não mais a ardência
De arcana e anímica lís.
Flor de brava e breve existência
Tal como efêmera é a inspiração
Se num instante declamo poemas
N'outro encolho-me, flébel, no chão.
Veredicto final de lágrima vítrea
Diz que o abandono que sofro
Faz parte da vida.
domingo, 23 de setembro de 2012
Sentimento Sem Métrica
Ensurdeço-me no absurdo
Absolvo-me da absorção
Tudo que abraço e torno a prender
Está aquém de bruta compreensão
Se torno-me a ti, em interrogação
Enterneço com paixão minh'amargura
E na eternidade de sua candura
Encontro solene expressão
Privo-me de poder
E poderei, talvez, te compreender
Então todo meu caos contido
Valsará contigo
Questionando meu ser
Na ignorância crepuscular intumesço-me e aprendo
Que não mais afogo-me em inexistências
Mas navego nas águas ternas de sua doada sapiência
E tudo que já não me impressiona
Tudo que me deixou a indagar
Tudo que já não me pressiona
Flutua, concede asas ao verbo:
Expressar.
Absolvo-me da absorção
Tudo que abraço e torno a prender
Está aquém de bruta compreensão
Se torno-me a ti, em interrogação
Enterneço com paixão minh'amargura
E na eternidade de sua candura
Encontro solene expressão
Privo-me de poder
E poderei, talvez, te compreender
Então todo meu caos contido
Valsará contigo
Questionando meu ser
Na ignorância crepuscular intumesço-me e aprendo
Que não mais afogo-me em inexistências
Mas navego nas águas ternas de sua doada sapiência
E tudo que já não me impressiona
Tudo que me deixou a indagar
Tudo que já não me pressiona
Flutua, concede asas ao verbo:
Expressar.
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