Jogavam o mesmo
jogo, a mesma estupidez insensata. E após fingirem metódica indiferença ao
estarem juntos, corroíam-se pelo que não foi feito ou dito. No fim do dia repousavam as arritmias,
os desassossegos e, por último, a cabeça sobre o conivente travesseiro,
libertador daquelas trevas e mediador das travessias e travessuras que só são
feitas mesmo nos sonhos. Mas que sonhos?
O sangue pesa, e a angústia que se
deita sobre a mãe das motivações é a
única realidade palpável de todo aquele teatro sem roteiro. Talvez tais sonhos,
depois do remorso cantarolar sua troça burlesca, fossem valsas, sublimes e
belas, danças de logopéia à rigor, ela a poesia, ele, a ideia. E enfim juntos,
sem palavras fantasiadas, mas sim com rimas fantasiosas. Não mais libertos
entre grades, mas selados em cogitações, pensamentos.
Nada mais que sonhos, pois hesitar é a
sina imutável, nada além da palpitação omitida ao cruzarem fortuitos olhares. E
ambos escreveram confissões nunca lidas, “correspondências jamais
correspondidas”, as cartas jamais enviadas, possivelmente interceptadas pelos
cânones limites. Ato Final: A
impossibilidade daquele amor era irrevogável.
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