sexta-feira, 12 de outubro de 2012

El Efecto - O Encontro de Lampião com Eike Batista


    Desculpem, não aguentei, é a segunda vez que coloco El Efecto aqui haha! Mas essas são muito boas, vale muito a pena ouvir, a letra também é genial! (;
    Essa música está no novo álbum da banda: "Pedras e Sonhos", vale conferir! Uma música que eu indico inclusive é...hm, bem, ouça o álbum inteiro! E preste atenção nas letras de "N'aghadê" (que está aqui nesta postagem, logo após o jump break) e "A Caça Que Se Apaixonou Pelo Caçador", que são geniais! "Pedras e Sonhos" e "Consagração da Primavera" são mais poéticas e delicadas.
    "Cantiga de Ninar", a quarta faixa do álbum (que está nesta postagem após o jump break) também tem a melodia terna e singela, no entanto aborda simultaneamente uma crítica à cegueira moral humana. A composição em questão, misturada a um toque de maravilhosas dissonâncias, tem algo que lembra a teatralidade de Frank Zappa e o peso caótico de Unexpect, somando-se a coros afinados que lembram as notas inesquecíveis de Queen em Bohemian Rhapsody, e isso tudo a banda realiza sem perder o caráter cultural nacional!
Álbum Completo: http://www.youtube.com/watch?v=F7m1czyYby4
Também disponível para download no site da banda: http://www.elefecto.com.br/musicas/index.php

O Encontro de Lampião com Eike Batista

Duas coisas bem distintas
Uma é o preço, outra é o valor
Quem não entende a diferença
Pouco saberá do amor(...)



Da vida, da dor, da glória
E tampouco dessa história
Memória de cantador

Reza a história que num dia
Daqueles de sol arisco
O bando de cangaceiros
Mais valente nunca visto:
Candeeiro, labareda,
Zabelê e mergulhão
Juriti, Maria bonita
Volta-seca e Lampião
Enedina, Quinta-feira
Beija-flor e Zé sereno
Lamparina, Bananeira
Andorinha e o Moreno
Moderno, Trovão, Dadá
Moita Brava e mais Corisco
Pra 'mó' de se 'arrefrescar'
Margeavam o São Francisco

De repente um escarcéu
Aperreia todo bando
Vem um trem rasgando o céu
E na terra vai pousando
Do grande urubu de lata
Cercado por muitos hômi
Desce um gringo de gravata
Falando ao telefone

Os 'hômi' tudo de preto
Peste vinda do futuro
Que pra não olhar no olho
Veste óculos escuro
Um se 'aprochegou' do bando
Grande pinta de artista
Disse com ar de desprezo
Muito seco e elitista:
"- Calangada arreda o pé
Que agora isso é de Eike Batista!"

A peixeira já luzia
Quando o gringo intercedeu
"-Perdoem a grosseria
Desse empregado meu
Sou homem civilizado
Não gosto de violência
Trago papel assinado
Prezo pela transparência

A terra de fato é minha
O governo fez leilão
Eu que dei maior lance
Ganhei a licitação
Não sou nenhum trapaceiro
O que é meu é de direito
Mas como bom cavalheiro
Lhes proponho um outro jeito

Chamou lampião na 'chincha'
Prum papo particular
Uma proposta de ouro
Difícil de recusar:

"-Vou ganhar muito dinheiro
Com um novo agronegócio
Emprego teu bando inteiro
Ainda te chamo pra ser sócio!"

"-Tu pode comprar São Paulo
E o Rio de Janeiro
Foto em capa de revista
Por causa do seu dinheiro
Ter obra no mundo inteiro
Petróleo, mineração
Mas aqui nesse pedaço
Quem manda é o rei do cangaço
Virgulino, lampião!"

Se tu gosta de xis
Mais um xis eu vou lhe dar
No xaxado que diz
Se tu gosta de xis ~
mais um xis eu vou lhe dar
No xaxado que diz: 'Chispa!!!'

E os 'hômi' tudo de gravata
Desandaram a fugir
Subiram no urubu de lata
E arredaram o pé dali

E até o velho Chico cantou pra todo mundo ouvir:
Ai que, ai que, ai que, ai que, ai que, ai que, há que resistir. (3x)

Duas coisas bem distintas
Uma é o preço, outra é o valor
Quem não entende a diferença
Pouco saberá do amor
Da vida, da dor, da glória
E tampouco dessa história
Memória de cantador...

 N'Aghadê



Ê, ó senhor rei dos ventos que sopra nos campos
Que carrega as sementes e espalha os meus prantos
Lance um passe que faça esse quebranto passar
Esse feitiço maldito se apossou da praça
Acendo uma vela pra virar fumaça
Que assim seja! Que assim se faça!

Ela é nossa mãe, nossa filha
Ela é nosso grande irmão
(Ela é nossa mãe, nossa filha, ela é nosso grande irmão)

Ela é nossa novela, nossa tela
Ela é nossa solidão 
(Nossa tela, nossa cela, nossa solidão!)

Ô  nossa santa, ô nossa sina, nossa senhora que ilumina
(Ô Nossa santa, ô nossa sina, ela é nossa assassina)

Nefasta feiticeira, sinistra criatura
De manhã traz a doença e à noite vende a cura

Ê, ó senhor rei do fogo que clareia a noite
És chama que chama e embala os açoites
Lance um passe que faça esse quebranto passar
Esse feitiço maldito que calou a massa
Apago uma vela pra virar fumaça
Que assim seja! Que assim se faça!

O seu salário de um ano, eles faturam por hora
(Bate palma pra humilhação, confunde herói com vilão)
O poeta* já disse: “eles são os ricos que o meu povo adora”
(Bate palma pra humilhação em alta definição)

Ela vem sussurrando em surround
Tu se rende no primeiro round

E até lá no meio do mato, naquela casinha de sapê
(Bate palma, estica e puxa. E viva a festa da bruxa)
A tecla SAP vai dizer qual é a língua do poder

Quero poder! Quero poder mandar!
Da grana me morde a fome, da fama eu quero provar!
Quero poder! Quero poder matar!
E escrever com sangue meu nome no teu altar!

Propagandê, propagandá
Pra eu poder vender, pra eu poder comprar
Propagandê, propagandá
Que é pro feitiço propagar

Ê, ó maldita macumba quimbanda macabra
A revolução não será televisionada
Que assim seja! Que assim se faça!

Cantiga de Ninar

 

Dorme meu bem, que o monstro já vai chegar
De olhos bem fechados ninguém sai machucado
Menino malcriado jamais é recompensado.

Cuidado que a Cuca que a Cuca um dia te pega
Te pega dali, te pega de lá.
Cuidado que a Cuca que a Cuca um dia te pega
Te pega dali, te pega de lá
Cuidado que a Cuca vai te pegar!
Cuidado que a Cuca te pega. Te pega daqui, te pega de lá

Dorme tranquila, nenhum mal irás sofrer
Confia nesse amigo e não vai se arrepender
Quietinho e calado nesse canto em meu colo aconchegado

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