segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sessão Sofá de Cinema - À Flor da Alma que Dança

     
   

   Soleá, sol quente e verão! Aproveitando o clima cálido da estação, trago algumas indicações de filmes com a temperatura deste Fevereiro, afinal, assistir a filmes não é um hábito reservado apenas ao inverno. A sessão de hoje envolve dança, paixão e drama, e, claro, muita música. Prepare a limonada gelada, ou uma Granita, que os filmes são bons! Quem gosta de dança então, vai adorar.


Bodas de Sangue (1981)



         
                        

   O filme, dirigido por Carlos Saura, é inspirado na peça do poeta e dramaturgo espanhol Federíco García Lorca, e conta a história de um casamento que está por vir, entre a Noiva e o Noivo (os personagens não têm nome próprio, exceto Leonardo).
    Com um histórico familiar trágico, os entes do Noivo (seu pai e seu irmão) foram mortos por membros da família Félix, alvo do ódio da Mãe do Noivo, uma personagem melancólica e tempestuosa, sempre a comparar homens a flores e amaldiçoar as navalhas e armas de fogo por arrancar as flores de sua vida, em disputas sangrentas por terra.
    A Noiva, pouco conhecida na cidade, reside com o pai numa cueva distante do povoado, próxima ao deserto (à dez léguas da casa mais próxima), pouco se sabe sobre a moça, apenas o fato de que já fora noiva uma vez, aos quinze anos, e ia se casar com Leonardo, da família Félix. Porém o casamento não sucede e Leonardo casa-se com outra mulher tempos depois.
   No dia das bodas do Noivo e da Noiva, o primeiro convidado, Leonardo, chega bem antes de todos os outros, e, ao ver sua antiga namorada, relembra-a do amor que sentiam, declarando-se. Minutos antes da quadrilha, os dois amantes fogem pelo bosque e pelo deserto espanhol da Andaluzia, uma trama de perseguições se desenlaça, com membros da família do Noivo, da Noiva e de Leonardo no encalço do casal fugitivo.
    "Bodas de Sangue" faz parte de uma trilogia de Lorca completada pelos títulos "Yerma" e "A Casa de Bernarda Alba", já na cinematografia, a filmagem desta obra compõe uma trilogia de Saura, formada por Carmen (1983) e Amor Bruxo (1986). Os filmes de Saura têm o traço singular e interessante de lembrarem ensaios de teatro, desenrolando-se em ambientes fechados que dão espaço a belíssimos espetáculos de dança e atuação, acompanhados por violas flamencas. No longa "Carmen", a trilha (filmada, pois os músicos permanecem em cena) conta com a participação do lendário Paco de Lucia.
    E mais! Um número considerável das filmagens de Carlos Saura está disponível no Youtube.

 

Chorinho:

   Ia comentar apenas sobre um desta trilogia de Saura, mas vale acrescentar algo sobre Carmen (1983), o filme segue a linha de Bodas de Sangue, mas com "mais cara de filme", penso eu! Quem curtiu Cisne Negro, de Aronofsky, vai lembrar um pouquinho da história.
   Um grupo de dança irá representar nos palcos o clássico Carmen de Bizet, Antonio, homem de meia idade ainda muito charmoso e coreógrafo do espetáculo, apaixona-se pela jovem bailarina principal, Carmen. Quando a dançarina começa a sair com um dançarino do grupo, Antonio se corroí de ciúmes, assim como Don José, da ópera de Georges Bizet. O enredo do filme e o texto da Ópera correspondem-se diversas vezes, complementando-se. Assim, personagem e intérprete se confundem, lembrando um pouco o roteiro de Cisne Negro.
 


Tango (1998)

  


   Se Carmen "tem mais cara de filme" que Bodas de Sangre, Tango, então, bate esse ranking. Também dirigido por Carlos Saura, a película "Tango" aborda, através da dança, a ditadura militar argentina, iniciada com o golpe em 1966 e considerada uma das mais brutais ditaduras da América do Sul.
   O enredo apresenta a vida do cineasta Mário Suarez, em conflito com sua criatividade e passando por uma crise emocional, enfrentando o rompimento com sua mulher Laura, que o abandonou. Cheio de inseguranças, acaba transmitindo seu estado de espírito para o projeto em que está envolvido: a montagem de um espetáculo de tango que volte aos tempos da imigração europeia, contando a história de como a dança desembarcou em terreno sul-americano e se desenvolveu ao longo da história argentina, resultando na tão famosa arte que caracteriza o país.
    As coreografias são extremamente expressivas, transmitindo ora tensão, ora alegria. Abaixo tem um vídeo da dança dos militares em confronto com os presos políticos, remetendo às salas de tortura e ao sofrimento das vítimas da ditadura militar. A música é marcada e dramática, assim como os rígidos movimentos dos oficiais.



O filme intercala a vida do cineasta e seus conflitos com as danças de tango que contam a história da Argentina. O cenário varia do real aos elementos e truques cenográficos dos palcos de teatro.Vale muito a pena ver! De verdade! É um longa muito bem produzido e inspirador.


Pina (2011)

     Filme dirigido por Wim Wenders, é uma homenagem à história da grande bailarina e coreógrafa alemã Pina Baush, exímia diretora de danças performáticas, dando continuidade à herança vinda do dadaísmo e do impacto que este causou em expressões artísticas.
     Pina, nascida em 27 de Julho de 1940 em Solingen, Alemanha, desenvolveu coreografias que eram compostas pelo grupo como um todo, e eram baseadas na vida dos bailarinos da equipe, assim, abordando desde temas como sexualidade, gênero e identidade até, claro, sentimentos como o amor, felicidade e angústia, tudo com extrema leveza e equilíbrio.
     "Pina" traz para as telas a leveza e a maestria ímpar desta diretora de ballet, falecida em 2009, mas ressuscitada nas cenas do documentário. Por ser uma obra essencialmente visual, escrevo pouco e deixo um tira-gosto deste belíssimo filme que só vendo para compreender:


                                  


É isso aí! Boa sessão! (;


-

Nenhum comentário:

Postar um comentário